A situação da indústria de máquinas e equipamentos no Brasil é crítica. Por conta do chamado “tripé do mal”, formado por taxas de juros elevadas, câmbio desfavorável e excessiva carga de impostos, o segmento nacional responsável por equipar as indústrias brasileiras sofre uma das suas piores crises.
O custo da produção de uma máquina no Brasil é 37% superior ao da Alemanha. Hoje só uma em cada três máquinas compradas pela indústria nacional é brasileira. Sem competitividade, o Brasil caiu do quinto para o 14º lugar no ranking mundial de bens de capital.
Os dados foram apresentados em evento que reuniu empresários e autoridades em Piracicaba, na noite da última segunda-feira (7). O encontro foi organizado pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), através da Diretoria Regional de Piracicaba.
A Regional abrange 51 cidades, incluindo Campinas, Limeira e Sorocaba. Nesse espaço geográfico, há 800 empresas produtoras de máquinas, que empregam 45 mil trabalhadores. No Brasil, o setor responde por 260 mil vagas.
“Hoje a indústria brasileira de bens de capital enfrenta seu maior desafio, que é o da sobrevivência”, disse Valter Furlan, diretor regional da Abimaq.
O deputado federal Mendes Thame, os prefeitos de Piracicaba, Gabriel Ferrato, e de Limeira, Paulo Hadich, e representantes de prefeituras de vários municípios da região estiveram presentes. Cerca de 100 lideranças empresariais de vários segmentos acompanharam as apresentações sobre o cenário econômico.
Dois Brasis
Bortolazzo Soares, vice-presidente Sede Regional da Abimaq, saudou os presentes e se mostrou preocupado com o conteúdo importado. “Estão entrando bens com tecnologia inferior aos produzidos no Brasil. Projetamos perda de empregos e know-how no setor”, afirmou.
O secretário nacional da Abimaq, Carlos Pastoriza, disse que há dois Brasis, um deles ancorado no consumo – que já apresenta sinais de estagnação – e outro marcado pela desindustrialização e pela desnacionalização. “Os dados envolvendo bens de capital não são piores porque parte das empresas vira importadora de máquinas”, explicou.
O tamanho do Estado dificulta reformas necessárias ao país, como a tributária. “A reforma política também é necessária”, disse Pastoriza, que representou o presidente nacional da Abimaq, Luiz Aubert Neto.
Eleição Presidencial
Ex-governador do Rio Grande do Sul e consultor da Abimaq na área de articulação política, Germano Rigotto considera importante levar as propostas da indústria nacional aos pré-candidatos a presidente da República.
“Priorizar a educação ajudará o país, mas necessitamos de compromissos imediatos, como o de investir mais em infraestrutura”, disse Rigotto.
O tamanho dos investimentos do governo em infraestrutura - US$ 200 bilhões – precisa ser pelo menos duplicado, avalia o ex-governador. “As concessões públicas podem ajudar a reduzir as perdas da indústria de máquinas”, completou Pastoriza.