Uma das principais dúvidas que chegam ao consultório dos nutricionistas é o intervalo correto entre as refeições. Porém, não há uma regra clara quanto ao tema. O tempo ideal dependerá das sensações de fome e de saciedade, que variam entre as pessoas.

As avaliações são da nutricionista Fernanda Leister, do Hapvida NotreDame Intermédica. Segundo ela, o objetivo da adoção de uma dieta – que pode ser emagrecimento ou reeducação alimentar, entre outros – também influencia nesse intervalo.

A rotina de atividades diárias da pessoa, como trabalho e atividades físicas, é outro fator decisivo. "Aquela regra popular de todo mundo comer a cada 3 horas já caiu bastante em desuso, principalmente nos casos de emagrecimento e na reeducação", conta a nutricionista.

Nessas situações, o importante é o paciente perceber o momento em que ocorre a sensação de fome. A saciedade após a refeição é outro ponto a ser trabalhado. A nutricionista lembra que essas sensações são individualizadas, em função de questões como o gasto de energia ao longo do dia e a qualidade dos itens presentes no prato.

"Havendo uma boa fonte de proteína e fibras na refeição, a pessoa vai ficar satisfeita por mais tempo, e não necessariamente terá que comer a cada 3 horas. Nessas condições, a fome pode reaparecer só depois de 4 ou 5 horas", afirma Fernanda.

As proteínas são encontradas em alimentos como frango, carne vermelha magra, peixes, ovos e leguminosas (feijão, grão de bico e lentilha). Já as fibras estão presentes nas hortaliças (legumes e verduras), leguminosas e nos carboidratos complexos (arroz integral, batata doce e mandioquinha, entre outros). A sensação de saciedade trazida por esses alimentos é maior.

Objetivo

Por outro lado, refeições não tão espaçadas são indicadas para quem precisa ganhar peso ou tratamento de uma hipertrofia, por exemplo. Nesse cenário, já há prescrições de intervalos de apenas duas horas. "Um intervalo menor entre as refeições permite que a pessoa faça a ingestão de uma boa quantidade de energia ao longo do dia, e assim ela consegue ter controle desse ganho de peso", diz a nutricionista.

O objetivo da prática alimentar também influencia. "A quantidade de refeições também vai variar conforme esses objetivos. Geralmente, a indicação é em torno de três refeições diárias, mas pode chegar a até seis para quem precisa ganhar peso de forma controlada".

A consulta ao especialista é um momento importante, quando a fome, a saciedade e o objetivo da dieta são avaliados em conjunto. "O profissional estabelece a melhor estratégia, conforme o objetivo do paciente", explica Fernanda. Vale ressaltar que o descontrole, tanto na perda como no ganho de peso, necessita ser avaliado por profissionais da Saúde.

Controle

"Num processo de emagrecimento, por exemplo, as orientações são no sentido de que percebamos, ao longo do dia, em que momento começamos a sentir fome. Há pessoas que só buscam um alimento na hora em que a fome já está estabelecida, e aí é mais difícil ter controle", conta a nutricionista.

O "início" dessa sensação de fome é o momento ideal para uma refeição balanceada. Se há um nível de fome maior, fica mais difícil o controle, por exemplo, na hora de decidir o tipo de alimento a ser ingerido.

Uma das consequências desse comportamento é o abandono de práticas saudáveis. Pacientes alterados tendem a comer mais e de forma mais rápida – outros obstáculos na busca por qualidade nas refeições.