O fim da licença-maternidade é um desafio para as mães. Por isso, profissionais da Saúde estão incentivando as mulheres a se planejarem antes do final do afastamento. A intenção é a manutenção do aleitamento materno, ato que ajuda muito ao longo de toda a vida do bebê.
O tema ganhou força este ano na programação do "Agosto Dourado". No hospital Medical, em Limeira, uma roda de conversa com gestantes destacou os benefícios. O hospital integra a rede de atendimento da Hapvida NotreDame Intermédica.
"Reforçamos a importância do aleitamento até 6 meses exclusivamente, sem água ou outros alimentos, e sua manutenção até os 2 anos ou mais, se possível, já com a introdução de alimentação oportuna ao bebê, a partir dos 6 meses", afirma a médica pediatra Dra. Soraia Drago Menconi, coordenadora técnica da UTI Neonatal.
"É possível conciliar o trabalho materno e a amamentação", destaca ainda a enfermeira Josiane Januário Marangon, da UTI Neonatal e Pediátrica.
A questão vai além da saúde. A legislação trabalhista garante a licença-maternidade de quatro meses e, depois, horários para amamentação até o bebê atingir 6 meses de idade – são dois períodos de 30 minutos por dia. Já o pai tem direito ao afastamento por períodos que vão de 5 a até 20 dias – nesse caso, quando o empregador integra o programa "Empresa Cidadã", do governo federal.
"É importante que a mãe converse na empresa para saber se há locais de ordenha e armazenamento adequado do leite para ser levado para casa, ao final da jornada de trabalho, ou a possibilidade de a criança ser levada à empresa para ser amamentada", afirma Dra. Soraia. "A criação de salas de coleta ou de amamentação nas empresas não traz nenhum prejuízo ao trabalho", diz a médica.
Estoque de leite
Na conversa na Medical, as profissionais orientaram as gestantes e mães de bebês internados na UTI Neonatal para que iniciem o estoque de leite dois meses antes do retorno. "Se ela deixar para a última semana, vai estar com o cortisol, o hormônio do estresse, elevado no organismo, e isso pode bloquear a saída do leite", diz Josiane. A participação do pai nesse período do retorno da mulher ao trabalho também é importante.
Na década de 1970, as crianças brasileiras eram amamentadas em média por dois meses e meio. Hoje, está em 16 meses, mas o aleitamento exclusivo até o sexto mês está perto de apenas 45% dos bebês. "Criança amamentada com leite materno desenvolve menos alergias e infecções, há menor propensão à obesidade e outros benefícios que vão até a idade adulta", reforça Josiane.