As recentes mudanças no câmbio somente impactarão a indústria de máquinas e equipamentos se a desvalorização do dólar se mantiver ao longo dos próximos meses. A avaliação é do diretor da Sede Regional da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Valter Zutin Furlan.
Furlan participou na última quarta-feira (28) de uma entrevista coletiva na sede de Piracicaba. Ao lado de jornalistas, o diretor acompanhou a fala online do presidente nacional da Abimaq, Luiz Aubert Neto, sobre os dados do segmento relativos a julho desse ano.
“O ideal é o dólar a R$ 2,70 ao longo de vários meses, para que possamos iniciar a exportação e também recuperar o mercado externo”, estimou Furlan. Segundo os dados divulgados, 60% do mercado atual é formado por produtos importados.
Luiz Aubert Neto reforçou que, do ‘tripé do mal’, o câmbio é o principal problema. Câmbio, taxas de juros e alta carga tributária formam o tripé. “Estamos trabalhando com o câmbio de quatro anos atrás, enquanto nossos custos subiram até 50%”, disse Aubert.
Furlan aponta que desvalorização do real somente gerará efeitos positivos se também nos demais países o dólar se valorizar.
Em julho, o consumo aparente foi de R$ 10,561 bilhões, interrompendo tendência de crescimento iniciada em janeiro de 2013. Entre os meses de janeiro e julho desse ano, o consumo foi de R$ 69,162 bilhões, 5% superior ao mesmo período de 2012, mas eliminado o efeito cambial o resultado passa a ser negativo em relação a 2012 (-0,6%).
A média anual da participação da importação no consumo brasileiro de máquinas e equipamentos saltou de 52% para 66% nos últimos seis anos.
Outro dado preocupa: em julho, o faturamento do setor de R$ 6,639 bilhões caiu pela segunda vez consecutiva neste ano, invertendo a curva de retomada iniciada em janeiro desse ano. No acumulado dos sete meses iniciais desse ano, o faturamento de R$ 44,516 bilhões foi 7,7% inferior ao valor registrado no mesmo período de 2012.
O volume de exportações no ano de 2013 diminuiu quando comparado com o mesmo período de 2012 na maioria dos setores da indústria de máquinas e equipamentos. No caso da regional de Piracicaba, surge preocupação quando a venda para o exterior do setor de máquinas para construção civil teve uma queda de 28,5%. A região tem empresas de porte no setor.
Aubert disse que uma ação governamental que poderia incentivar o segmento industrial seria a retomada das concessões públicas. “As concessões e compras governamentais deveriam ter conteúdo local mínimo estipulado pelo governo”, afirmou.
Emprego
Na mão de obra ocupada, há preocupação. A indústria brasileira de máquinas e equipamentos mecânicos registrou a segunda queda consecutiva no quadro de pessoal e encerrou o mês de julho com 258.386 pessoas empregadas.
“A política de manutenção da mão de obra qualificada, apesar das quedas acumuladas no faturamento nos últimos meses, aparentemente chegou em um nível insuportável para as indústrias do setor”, declarou Aubert.