As importações de máquinas e equipamentos não estão beneficiando o Brasil com ganho de tecnologia, mas sim gerando um parque industrial dotado parcialmente de bens de baixa qualidade e distante das normas de segurança no trabalho.
A avaliação foi feita pelo vice-presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), Erfides Bortolazzo Soares, empresário do setor na região de Piracicaba, em entrevista coletiva sobre o comportamento do setor no último mês de agosto. A entrevista ocorreu na tarde deste dia 25/09, na Sede Regional da Associação, em Piracicaba.
Bortolazzo e jornalistas acompanharam a fala do presidente Executivo, José Velloso Dias Cardoso, e do Secretário da entidade, Carlos Buch Pastoriza, que, on-line, comentaram os dados do segmento.
Em agosto último, o consumo aparente do setor no Brasil foi de R$ 10,6 bilhões, confirmando a inversão da recuperação iniciada em janeiro de 2013. No ano (janeiro a agosto de 2013), o consumo foi 5,6% superior ao mesmo período de 2012. Se eliminado o efeito cambial, esse resultado passa a ser 0,2% negativo.
A média da participação da importação no consumo brasileiro de máquinas saltou de 52% em 2007 para 69% em 2013. Bortolazzo culpa o “tripé do mal” – altas taxas de juros, pesada carga de impostos e o câmbio desfavorável – por grande parte dos problemas do setor.
Entre janeiro e agosto desse ano, o faturamento da indústria brasileira de máquinas até subiu, mas ainda é 6,7% inferior ao registrado no mesmo período de 2012. No ano, praticamente todos os setores da economia importaram máquinas, o que confirma o efeito preço na substituição da produção nacional. “Nossa máquina custa 37% mais que a da Alemanha”, comparou Bortolazzo.
Nas importações por itens, a China já aparece na primeira posição. O estudo da Abimaq mostra que, em julho, sete em cada dez negócios em máquinas feitos no Brasil envolviam importados. Somente 17% do total eram de produtos nacionais, e 13% tinham módulos brasileiros e importados.
A questão afeta a segurança dos operários. Bortolazzo reclamou do tratamento desigual dado pelo governo. “Máquinas importadas não seguem as mesmas normas de segurança exigidas das similares nacionais”, disse.
Medidas de incentivo, como a realização das concessões públicas programadas, poderiam ampliar a utilização da capacidade instalada e a carteira de pedidos, que apresentam desempenho ruim. Na regional da Abimaq, há cerca de 800 empresas que geram 45 mil postos de trabalho em cidades como Piracicaba, Campinas, Limeira e Sorocaba.